quinta-feira, 19 de maio de 2011

Ontem reinou o bom humor!

Depois de um dia horrível de tempestade e relâmpagos, o sol voltou a brilhar! E não foi só no sentido real... foi também no sentido figurado...
Há muito tempo não sentia o clima tão leve e descontraído. Normalmente é tão carregado... muitas vezes dizemos bom dia com uma enorme vontade de dizer "só se for para ti, porque não tvejo razão para ser bom dia"... 

Ontem parecia que a pressão estava sendo aliviada... não sei a razão. Não sei se fui eu ao tentar o meu interior, ao tentar ignorar o que me aborrece ou se foi geral mesmo... o que importa é que eu sorri... que me apeteceu falar, contar histórias, fazer piadas. Ontem eu ri de tudo e de todos. 

Fiz questão de levar um boné do FCP para gozar com um benfiquista que no dia anterior tinha dito que já não podia ver o Porto à frente, bebi 3 cafés, conversei com colegas a quem normalmente digo bom dia e boa tarde e pouco mais... até "bati um papo legal" (há muito que eu não utilizada uma expressão tão brasileira!), tive uma conversa até agradável com o chefe, lá lhe fiz um pouco de companhia enquanto ele comia as aquelas bolachinhas difíceis... engraçado que nem parecem assim tão difíceis de se comer! Descontraí. 

Embora sentisse que um camião me tinha passado por cima, porque eu estava muito cansada, estava satisfeita com o trabalho que estava a fazer. Senti-me útil. Não foi como todos os dias que pouco ou nada acontece. Não é um trabalho que alguém goste de fazer... ninguém gosta de lamber pastas à procura de documentos para corrigir erros, ainda por cima dos outros. Ninguém gosta de corrigir a correcção do que já foi corrigido! É mais fácil fazer novo do que fazer correcções. Mas eu até gostei. Senti que estava aplicando alguns dos conhecimentos de contabilidade que venho adquirindo... motivou-me. 

Até a minha colega "que sabe tudo" conseguiu passar o dia sem "bufar" tanto para chamar a atenção para si ... É melhor explicar o "bufar": respirar fundo em alto som... 

E a menina bonita!A menina bonita que muitas vezes parece uma estagiária, aquela a quem todos dão o trabalho para fazer, também sorriu. Já há muito tempo não a via com aquele ar leve. Há muito tempo ela trazia consigo uma tristeza, uma angústia, um olhar triste e cansado de quem já não pode estar ali. Ontem não. 

Engraçado a minha colega da recepção também não reclamou ter fome passado meia hora de comer! (eu sei que vais me matar por escrever isto! Mas tinha que contar a história completa... :P). Eu explico: é que ela tem um corpo normal de uma mulher, com dois filhos, mas tem a paranóia que está gorda e quando está de dieta é quando mais lhe apetece comer. Normalmente depois do almoço lhe apetece sempre... uma figura daquelas que se não nascessem tinham que ser inventadas... 

Quase à hora de ir embora já não conseguia pensar... mas também, depois um dia destes, depois de tanto tempo, só apetecia rir de tudo, inclusive de não pensar! À menina aconteceu o mesmo... ela disse que os neurônios dela já se tinham desligado às 17:00h... 

Fui para a universidade fazer um trabalho de estatística e esse foi o momento sério do dia. Estava tão cansada que os olhos já quase não se mantinham abertos, tinha que fazer um esforço enorme para conseguir raciocinar, mas mesmo assim foi descontraído. Tanto que eu pretendia ir embora por volta das 22:30h e só saí uma hora depois... Já em casa, conversei bastante com meu marido... acho que o contagiei... Rimo-nos... não que não seja habitual rirmos, por acaso até somos divertidos, mas é que isto foi a "cereja em cima do bolo"... cereja ao natural, porque as cristalizadas são horríveis! 

Belo dia o de ontem! Sim senhor! Espero mesmo que não seja aquela brisa gostosa que vem antes de outra tempestade! Porque ontem sim, reinou o bom humor naquele escritório...

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Um tempo comigo mesma

Hoje decidi que não me vou chatear... 

Decidi que não vou deixar nada nem ninguém tirar a minha paz de espírito, um sentimento de calma e tranquilidade que consequi no fim de semana... As coisas que a gente descobre! Bastou uma atitude: fazer. 
Dizia um livro que eu li e também diz um outro que estou a ler: "devemos deixar de viver a vida das pessoas na televisão e começar a viver a nossa vida" pois "quando escolhemos gastar nosso tempo a ver televisão, abdicamos do tempos de fazer outras coisas", entre elas de estudar, de ler um bom livro, de aproveitar um belo dia de sol ou de um gostoso passeio de bicicleta... 

Nada que eu não soubesse... Mas às vezes parece que precisamos de um empurrão ou mesmo um "chute" no traseiro para agirmos. No meu caso era mais um "ACORDA!!" Eu tinha a mania de pensar que para me distrair, para me divertir é sempre preciso companhia. 

Mas percebi que afinal não... eu também preciso do meu tempo sozinha. Não tempo comigo mesma e a televisão, porque deste estava eu farta! Tempo comigo mesma a fazer algo de que eu não me arrependeria depois, tal como acontece com a tv. Todos os fins de semana eu pensava: amanhã vou fazer isso e aquilo. Aí o amanhã chegava e eu hoje não fazia nada... 

No feriado eu e meu marido tínhamos ido à praia um pouquinho na parte da manhã, o tempo não estava nada especial, mas foi o nosso 1º dia de praia do ano. Almoçamos na casa da minha sogra e depois fomos para casa. Fomos não, fui. Meu marido foi ter com um amigo. Ao chegar à casa olhei para o lava-louça cheio de louça suja, mas não apeteceu. Olhei para minha mesa de estudo e para os livros, mas achei melhor deixar para depois porque eu tinha um bocado de sono. Olhei para a casa por limpar mas pensei que podia passar mais um dia assim... e acabei onde? Pois é, no sofá a ver televisão. 

Essa coisa moderna da tv por cabo fazer gravações é a minha perdição! Como à noite tenho a universidade, coloco as telenovelas a gravar para ver quando tiver tempo para viver a vida dos outros que nem sequer são reais... o feriado foi um destes tempos. Passei a tarde a ver "Araguaia"!. Tinha uns 20 capítulos gravados e cada capítulo que eu colocava para ver pensava comigo: é só mais este, depois vou dar uma volta de bicicleta. Assim foram uns 10 capítulos. Chegou um momento que bateu em mim uma tristeza tão grande que eu não fazia ideia de onde vinha. Quer dizer, eu pensava que vinha da minha solidão daquela tarde. Óbvio que não era. A solidão era uma desculpa esfarrapada que eu arranjei para o meu desapontamento comigo mesma. Então, não sei como, consegui me levantar e apanhar nas chaves para sair de casa e neste mesmo instante meu marido liga, pois não tinha levado chaves e ia passar lá para apanhá-las. Não consegui desfarçar a tristeza que me vinha na alma. Ele percebeu. Quando chegou eu estava mesmo a sair da garagem, ele me perguntou se estava tudo bem e eu, dando uma de durona, disse que sim, que estava tudo bem... mas sem conseguir desfarçar no olhar que já estava molhado. Ele então disse ao amigo para seguir, pois ia andar de bicicleta. 

Foi aí que caí em mim, pois ao invés de eu ficar feliz, pois agora tinha companhia, não ia passar o restinho da tarde sozinha, fiquei foi mais triste ainda por fazê-lo abdicar do momento que tinha planejado com o amigo para estar comigo. 
Começamos a andar e num certo momento ele parou e disse: fala comigo. Eu não conseguia. Chorei. Após uns segundos, mesmo sem conseguir que as palavras me saíssem completamente, tentei explicar-lhe que tenho uma certa inveja dele, pois ele tem pelo menos um amigo com quem de vez em quando sai, vai falar besteira, jogar papo para o ar... e eu, as poucas amizades que tenho estão todas longe, pois ainda não consegui fazer novas amizades... parece tão difícil agora, sinto-me velha, não sei explicar, não consigo me dar, procurar... Tenho as "amigas" da universidade, com quem me dou muito bem, com quem falo pela net, com quem estou sempre planeando uma "saída" que nunca chega a acontecer... mas que também moram longe, que é a minha desculpa. Ele ouviu e tentou animar-me: "não gosto de ter ver chorar... ainda se a culpa fosse minha eu podia fazer alguma coisa, mas assim sinto-me impotente". E é. A culpa é minha e só minha. 
Demos uma pequena volta e fomos para casa. Eu fiquei mais animada, mas não deixava de pensar que o privei de um momento com um amigo. Sentia-me ainda mais culpada, embora ele demonstrasse não se importar com este momento perdido, mas sim comigo. 

Acordei no Domingo com uma atitude diferente, comuniquei-lhe logo: hoje não quero ver tv. Quero aprender a fazer beringela recheada ao almoço, quero arrumar meu guarda-roupa, limpar a casa e estudar um bocado. Ele ficou contente por mim... ele gosta quando faço planos, porque por norma ele pergunta o que quero fazer e eu respondo sempre: não sei, qualquer coisa. Perguntou-me: "mas vamos à praia?". Claro que vamos... 
Mas assim que saímos sentimos um ar frio, o sol escondia-se dentre as poucas nuvens que haviam no céu e ventava. Estava desagradável. 
Fomos dar um passeio de carro. À medida que andávamos eu ia olhando a paisagem, as pessoas, a vida a ser vivida. Quanto mais eu observava, mais crescia um sentimento de revolta contra mim mesma e minha preguiça. Aquelas pessoas que estavam ali a viver a vida não o faziam sentadas no sofá a comer pipocas ou sorvete e a ver tv. Elas riam, elas corriam, elas conversavam, elas viviam a sua própria vida. Cheguei em casa e pus-me a lavar a louça e chamei logo meu marido para me ensinar a fazer a tal beringela recheada, uma especialidade em que ele é mesmo muito bom. Foi gostoso aquele momento com ele ali na cozinha. Já tinha visto cenas destas em novelas e filmes... gostei mesmo. Depois do almoço ele fez o que gosta de fazer: sentou-se no sofá a jogar computador. Ainda lhe perguntei se não ia sair, mas ele disse que não lhe apetecia. 
Senti-me culpada, senti que ele tinha receio que eu ficasse outra vez triste. Incentivei-o a sair e fazer o que não fez ontem enquanto eu ia fazer o que tinha planeado. Comecei pelas casas-de-banho, depois fui para o guarda-roupa. Estava calor. Ele fora com o amigo levar o cão à praia. Passados uns minutos que ele tinha saído, bateu-me outra vez aquele sentimento de necessidade de companhia. Isto não é normal. Lutei contra. Acabei de limpar a casa, mudei de roupa, apanhei o livro que ando a ler e a camara fotográfica e saí. Que sensação tão boa eu senti! Nem sei explicar o misto de sentimentos que ia dentro de mim. Era de liberdade ou libertação, vida, satisfação de necessidade ou mesmo apenas de realização: eu consegui. Ia sorrindo... a cada pedalada que dava sentia-me mais forte, o sentimento ruim de dentro de mim ia desaparecendo. 

Engraçado que foi como se passasse naquela rua pela 1ª vez. Olhava tudo, observava cada flor, cada pássaro, cada movimento das pessoas... O sol já estava baixo, era bonito vê-lo por detrás das árvores. Essa foi a primeira fotografia. Não foram muitas, mas tentei captar tudo que fosse vida. Pena que não consegui o vôo dos pombos, pois o sol batia na lente e encandeava... mas foi bonito de se ver. Fotografei outros pássaros a voar com o mar ao fundo, fotografei o proprio mar e um casal que la estava... sentei-me na areia. Que gostosa sensação... sentia que estava fazendo tudo o que via os outros fazerem, mas que minha dependencia de companhia impedia-me de fazer ou de apreciar. Não tardou o sol se pôr. Esfriou e resolvi que era hora de voltar para casa. Fui para casa feliz como tinha ido, com um sorriso nos labios, sentindo a brisa fria no rosto. Ao chegar a casa meu marido já tinha feito parte do jantar, daí o restante foi rápido. Tomei um belo banho, pijama limpinho, lençois cheirosos... marido de bom humor! O que eu podia querer mais não é!

Um dia em cheio! Acordei hoje de bem com a vida, sentindo-me viva! E decidida a brigar comigo mesma sempre que cair outra vez na angústia... Registo aqui este momento para dividir a experiência e para lembrar a mim mesma que a única coisa que preciso é UM TEMPO COMIGO MESMA...

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Dark feelings...

É nos momentos de angústica e stress que conseguimos despertar em nós os nosso sentimentos mais negros, mais feios e terríveis... 
Às vezes fico a pensar qual é o ponto para explodir e dá até medo saber a resposta... Somos humanos. O pior animal da face da terra... os demais animais lutam pela sua sobrevivência, duelam por uma fêmea, por um território, mas fazem jogo limpo, enfrentam-se... 
O que fazer quando se é enganado, quando se hipoteca a sua vida toda por uma coisa que é um barco furado?? Desespera-se!!! Esta situação de desespero leva-nos a sentir coisas nunca antes sentidas, a pensar o impensável... e querer coisas que não se querem a ninguém... 
Dark feelings... como controlar? Como evitar? O que fazer contra estes sentimentos? Principalmente, como ajudar alguém a libertar-se deles? Bem sei que é não desesperar também... mas é difícil... chega a um ponto que parece sermos influenciados, conduzidos ou atraídos, como se este sentimento fosse um imã, puxando-nos para baixo, consumindo-nos também... 
Houve um tempo que eu me recorreria a Deus... houve um tempo em que eu tinha fé em alguém superior, que nos ajudaria a resolver os nossos problemas, que nos daria um sentimento de paz... estranhamente nunca tive este sentimento de paz, o que me levou a perder a fé neste Deus em quem eu queria tanto acreditar agora... 
Acho que pior do que estes sentimentos obscuros é o sentimento de impotência, o sentimento de nada poder fazer, o sentimento de que somos tão pequeninos diantes de um problema que nos é tão longe a solução... 
Dói... parece mentira que tudo isto faça doer... dói fisicamente, dói na alma, dói... O peito parece que vai explodir, os batimentos cardíacos parecem incontroláveis... tudo irrita, tudo entristece, tudo escurece... 
Chorar... chorar faz bem à alma... alivia o peito, parece que um pouco do que sentimos vai-se com as lágrimas... mas e quando não se consegue chorar? Morre-se por dentro, aos poucos somos consumidos, sugados, mortos... é preciso agir! Agir como, fazer o que? Que ajuda pedir? Dark feelings, é só o que temo sentir...