sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Ser bonzinho é bom, mas também é mau...

Esta semana dei mesmo para divagar... nem sei se é bem divagar ou se é desabafar, descarregar o que me tem vindo na alma ultimamente...

Estou com uma situação em mãos que me está a tirar o sono... não posso ser muito específica, mas posso dizer que venho segurando as pontas para uma pessoa há meses e venho sempre lhe dizendo que estou no limite... o problema é que as coisas já passaram do limite e não consigo descalçar a bota.

Custa-me que as pessoas não reconheçam o nosso esforço por elas e tentem ao menos amenizar a situação. Daí quando você atinge aquele ponto que não dá mais mesmo, que a corda arrebenta e você simplesmente explode e diz o que lhe vai na alma e exige uma ação por parte dela, a pessoa te chama arrogante. Diz-te que não acredita que estás mesmo a dizer aquilo...

Pior, faz-me sentir mau por exigir algo que é meu por direito... por isso eu digo, ser bonzinho também é mau... porque isso me tem feito mal... deprime, frustra-me, dói na alma...

Não quero ser boazinha com quem me faz mal, mas pensa que está tudo bem... mas ao mesmo tempo tenho imenso a perder se não for... oh vida cruel!! O que vale é que cada dia é um dia e sentimentos passam... embora atitudes marquem!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Dilema temporal

Há muito tempo que eu não divago... pelo menos aqui, por escrito. Muita coisa se passou neste tempo... voltei do Brasil, recuperei meu antigo emprego (o que não sei se foi bom ou mau) e experimentei o milagre da vida: me tornei mãe. 

Hoje minha filha está com 13 meses e me apanho num misto de sentimentos... não a respeito dela ou da maternidade, da minha vida em si... do que é feito de mim e do que será.

Eu quis sair do Brasil e vir morar na Europa. Consegui. Quis estudar e tirar uma licenciatura para ter melhores condições laborais, tirei. Depois achei que não devia parar por aí e resolvi fazer um mestrado... não fiquei com o mestrado mas fiquei com uma pós graduação e quando resolver fazer a  tese logo tenho o mestrado, mas fiz até onde quis fazer. Quis fazer o exame para a Ordem do Contabilistas Certificados, fiz e passei. Hoje sou Contabilista Certificada, pós graduada... Mas acontece que nada mudou. Continuo no mesmo emprego, com o mesmo ordenado, com as mesmas condições e com mais responsabilidades, pois o trabalho só aumenta. Continuo fazendo trabalho de administrativa para o qual basta o 12º ano com algum conhecimento de contabilidade.

Aí vejo que já tenho praticamente 37 anos e não fiz nada da minha vida. Tenho um emprego do qual não desgosto, mas que não me realiza. Não viajo nas férias porque o dinheiro faz falta para pagar as contas, seguro de casa, seguro de carro e temos sempre que ter algo na poupança para imprevistos. 

Acordo todos os dias à mesma hora, visto a miúda, despacho-me, deixo-a na creche (isto em cerca de 45 minutos) e este é o tempo que estou com ela de manhã. Saio do trabalho às 18 horas, chego na creche perto das 18:30h, apanho a pequena que entretanto adormece a caminho de casa. Com pena de a acordar, tiro-a com cuidado do carro, ponho-a no sofá e vou preparar o jantar dela e fazer o almoço do dia seguinte (tenho que levar a marmita, pois ainda são 15km até o trabalho). Entre os cozinhados a moça acorda, pede colo. Dou-lhe um pequeno miminho e coloco-a na cadeira da papa tentando distraí-la com algo pelo menos até que possa lhe dar atenção sem queimar a comida. Ok, já te posso dar o jantar, pois a essa hora ela já está esfomeada... para não me chatear nem me stressar deixo-a comer o segundo prato com as mãos enquanto vou lhe dando a sopa. Quando terminamos é hora da fruta e banho... nisto já são entre 20:00 e 20:30h... o banho é um momento especial, mas não dá para demorar muito porque além do frio, estou morta de cansada. É vestir e tentar que ela relaxe um bocado. Entre as 21:00 e as 21:30h ela finalmente adormece. Não sei se respiro de alívio porque posso enfim descansar ou se choro de tristeza porque em 24h de um dia, passei 9 horas no meu local de trabalho e nem 5 horas com a minha filha, sendo que destas 5 horas talvez uma a brincar e dedicar-me a dar-lhe miminhos... Sou uma mãe que tenta quando estou com ela, estar a 100%, Mas quando me apanho a fazer estas contas, reparo que nem esse tempo não é nem 50% do que eu realmente gostaria. 

Daí volto a pensar no meu trabalho... tantas horas dedicadas a uma empresa que nem palmadinhas nas costas me dá... esse tempo que poderia ser dedicado por inteiro a alguém que não me vai dar palmadinhas nas costas, mas vai me dar aquele sorriso que me faz a mulher mais feliz do mundo... o que estou eu a fazer??? Daí aparecem aqueles posts no facebook com textos e pequenas mensagens a perguntar se se eu morrer amanhã, valeu a pena? E eu começo a refletir e vejo que não. Então, se não vale a pena, é hora de mudar, antes que seja tarde, pois o tempo é uma coisa irrecuperável... 

Então divago... vou mudar, preciso mudar. Mudar... para onde, a fazer o que? O que é que me faz feliz que me poderia sustentar e me permitir ter tempo livre para a minha filha? O pior que nem eu sei! Tudo que eu penso que gosto e que talvez pudesse fazer não dá dinheiro... sou uma artista sem expressão! Outras coisas que penso fazer que poderiam me oferecer esse tempo e talvez alguma realização implicam investimento, investimento de um capital de que não disponho e de uma coragem de deixar tudo para arriscar que eu não tenho...

Daí mantenho-me refém do meu trabalho, escrava do medo e divagando do que seria a minha vida se eu tivesse mais imaginação, se fosse menos pé no chão... Eu quero, mas preciso de um empurrão, preciso de alguém que me estenda a mão e diga, vou contigo...

Não me vejo a fazer o mesmo quando chegar aos 40, mas vejo-me tão estagnada e o tempo a passar tão depressa que estou a morrer por dentro... Help please!! 

Amanhã o dia pode ser diferente, posso estar menos frustrada, mas aí se me coloco outra vez a pensar... penso o mesmo: preciso de uma mudança, preciso me aventurar! Quando serei capaz? Tem que ser hoje, amanhã será tarde demais... Sou uma artista sem expressão que tem a sua alma presa às circunstancias da vida e não sabe como se libertar!! Triste vida, triste sina... mas quem manda nesta budega afinal???? Não devia ser eu? 

Positiva que sempre fui, sempre dizendo que tudo vai melhorar se deixa ir abaixo assim? Ah! Pois é, ninguém é de ferro e um dia a gente desmorona... este é o meu dia... espero ver uma luz no fim deste túnel de frustração e que seja apenas uma crise passageira... quero de verdade ser corajosa o suficiente para criar meu próprio destino e me sustentar com algo que me realize... ou para que estou eu neste mundo???