quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Trabalho novo, página virada

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Desde há muito tempo que desejo uma página virada.
Fui ao Brasil pensando que ia virar a página... e virei! Só que a página seguinte foi uma ilusão...
Voltei do Brasil a pensar que ia virar a página... e virei! Só que a página seguinte era uma página repetida...

Eu já sabia o que ia ver, o que ia ler e o que não ia gostar. Mesmo assim virei e voltei para aquela página, sem esperanças, sem ilusões, uma página cinzenta, cheia de invejas, hipocrisia e rancores, uma página triste, cheia de vidas tristes... incluindo a minha, que tornava-se cada dia mais triste, porque me via sendo sugada por aquela escuridão de dia para dia...

Mas de um momento para o outro, sabe quando arriscamos, jogamos sem acreditar muito que aquela é a nossa vez, que a nossa estrelinha enfim vai brilhar? Foi assim que apostei e foi assim que aconteceu...

Não sei se a página seguinte é colorida, cheia de flores e arco-íris... não sei se há música, vida e pessoas felizes, não sei nada. Mas o que seria de nós se não houvesse esperança, se não houvesse sonhos? Não haveria sequer vida, não é o que dizem? Que o sonho comanda a vida? Neste momento sinto-me realizando um sonho... a dar um salto para uma realização pessoal e principalmente profissional para a qual gastei 4 anos na universidade a fazer uma licenciatura, queimando pestanas durante 1 ano numa pós graduação e algumas horas da minha licença maternidade estudando para passar no exame de uma ordem profissional.

Se tenho medo?
Estou carregadinha dele! Mesmo porque na página onde me encontro neste momento, ainda num ponto de viragem, sinto-me despreparada, porque não tinha incentivo, não tinha permissão para me preparar, era sempre o mesmo, sempre mais do mesmo... como os burros que utilizam uma pala e só podem olhar para onde lhe deixam, que têm que fazer só o que lhes mandam... assim era eu, assim ainda sou eu, até acabar de virar a página.
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Entretanto, acredito em mim. Tenho que acreditar, porque se eu não o fizer, quem fará? Então vou dar o salto, vou arriscar um aquário maior, vou na esperança de visualizar um horizonte maior, com toda a confiança que posso e consigo ter em mim... passando por cima dos meus medos e dos fantasmas que me possam vir a assombrar.

E se eu falhar? Não penso falhar, mas é uma possibilidade e se acontecer, vou me levantar e virar novamente a página, esperando que a próxima seja o horizonte que gostaria de avistar...

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Deixa-me chorar

Meu peito já não aguenta tanta dor.
Deixa-me chorar.

Meus ombros doem,
não aguento mais o peso desse amor.
Deixa-me...

As lágrimas dos meus olhos já me cegam.
Tantas coisas ficaram por dizer,
tantas outras por fazer!

Tantas coisas foram ditas,
tantas outras foram feitas,
apesar de dito e feito,
a dor permanece no peito.

É o amor que dói,
o amor que se foi.
É saudade dentro do peito,
é tristeza que não tem jeito.

O que nos separa é certo,
o reencontro é incerto.
Te verei novamente um dia?
Deixa-me chorar.

Foste um grande amor,
serás sempre um grande amor.
É um amor sem igual,
não é um amor de casal.
É um amor materno, maduro e sereno.

Deixa-me deitar no teu peito,
tira-me esse vazio,
sinto falta de dormir no teu leito.

Avó, um dia nos veremos.
Até lá viverei esta dor.
Até lá...
Deixa-me chorar...

(Dedico este poema à única avó que conheci, a minha avó materna Ana Moreira. Partiu cedo deixando muita saudade, faz dia 30 de Setembro 18 anos).

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Cansada de gente

Cansada de gente que nunca dá nada, mas está sempre a cobrar dos outros. 

Cansada de gente que acorda mal disposta e só piora ao longo do dia.

Cansada de gente que passa o dia a soprar, como se tudo à sua volta estivesse muito quente.

Cansada de gente perfeita que nunca faz nada errado (do seu ponto de vista, é claro!).

Cansada de gente que se convida.

Cansada de gente que não conversa, monologa.

Cansada de gente que só ri quando é de desgraça alheia.

Cansada de gente que fica feliz com os erros dos outros.

Cansada de gente hipócrita.

Cansada de gente que só enxerga o próprio umbigo.

Cansada de gente que inveja a felicidade alheia.

Cansada de gente que não sabe o seu lugar.

Cansada de gente que se acha mais e melhor que todo o mundo.

Cansada de gente que se promove a chefe quando o chefe está de férias.

Cansada de gente que põe defeito em tudo, principalmente nos outros.

Cansada de gente que está sempre procurando algo nos outros para "brincar".

Cansada de gente que "brinca" mas não aceita brincadeiras.

Cansada de  gente que não sabe dizer "se faz favor".

Cansada de gente que diz "anda cá", como se falasse com um cão.

Cansada de gente com quem ninguém quer estar.

Cansada de gente feliz pela infelicidade alheia.

Cansada de gente que acha que ninguém mais pode, seja o que for.

Cansada de gente com direitos adquiridos.

Cansada de gente de duas caras.

Cansada de gente que não se doa.

Cansada de gente que só fala aos berros.

Cansada de gente que desconta os seus males nos outros.

Cansada de gente mal resolvida.

Cansada de gente infeliz.

Cansada de gente... 

Cansada de aceitar e ter de conviver com essa gente...

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Novo projeto

Comecei este projeto há uns anos... era só uma forma de me distrair, de desabafar minha frustração de não conseguir engravidar...

Hoje resolvi investir nele e partilhar as minhas experiências, alegrias e dificuldades daquilo que é um dos maiores desafios do mundo, ser mãe!

A quem interessar: https://tempoespera.blogspot.com



       
Espero que goste.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Ser bonzinho é bom, mas também é mau...

Esta semana dei mesmo para divagar... nem sei se é bem divagar ou se é desabafar, descarregar o que me tem vindo na alma ultimamente...

Estou com uma situação em mãos que me está a tirar o sono... não posso ser muito específica, mas posso dizer que venho segurando as pontas para uma pessoa há meses e venho sempre lhe dizendo que estou no limite... o problema é que as coisas já passaram do limite e não consigo descalçar a bota.

Custa-me que as pessoas não reconheçam o nosso esforço por elas e tentem ao menos amenizar a situação. Daí quando você atinge aquele ponto que não dá mais mesmo, que a corda arrebenta e você simplesmente explode e diz o que lhe vai na alma e exige uma ação por parte dela, a pessoa te chama arrogante. Diz-te que não acredita que estás mesmo a dizer aquilo...

Pior, faz-me sentir mau por exigir algo que é meu por direito... por isso eu digo, ser bonzinho também é mau... porque isso me tem feito mal... deprime, frustra-me, dói na alma...

Não quero ser boazinha com quem me faz mal, mas pensa que está tudo bem... mas ao mesmo tempo tenho imenso a perder se não for... oh vida cruel!! O que vale é que cada dia é um dia e sentimentos passam... embora atitudes marquem!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Dilema temporal

Há muito tempo que eu não divago... pelo menos aqui, por escrito. Muita coisa se passou neste tempo... voltei do Brasil, recuperei meu antigo emprego (o que não sei se foi bom ou mau) e experimentei o milagre da vida: me tornei mãe. 

Hoje minha filha está com 13 meses e me apanho num misto de sentimentos... não a respeito dela ou da maternidade, da minha vida em si... do que é feito de mim e do que será.

Eu quis sair do Brasil e vir morar na Europa. Consegui. Quis estudar e tirar uma licenciatura para ter melhores condições laborais, tirei. Depois achei que não devia parar por aí e resolvi fazer um mestrado... não fiquei com o mestrado mas fiquei com uma pós graduação e quando resolver fazer a  tese logo tenho o mestrado, mas fiz até onde quis fazer. Quis fazer o exame para a Ordem do Contabilistas Certificados, fiz e passei. Hoje sou Contabilista Certificada, pós graduada... Mas acontece que nada mudou. Continuo no mesmo emprego, com o mesmo ordenado, com as mesmas condições e com mais responsabilidades, pois o trabalho só aumenta. Continuo fazendo trabalho de administrativa para o qual basta o 12º ano com algum conhecimento de contabilidade.

Aí vejo que já tenho praticamente 37 anos e não fiz nada da minha vida. Tenho um emprego do qual não desgosto, mas que não me realiza. Não viajo nas férias porque o dinheiro faz falta para pagar as contas, seguro de casa, seguro de carro e temos sempre que ter algo na poupança para imprevistos. 

Acordo todos os dias à mesma hora, visto a miúda, despacho-me, deixo-a na creche (isto em cerca de 45 minutos) e este é o tempo que estou com ela de manhã. Saio do trabalho às 18 horas, chego na creche perto das 18:30h, apanho a pequena que entretanto adormece a caminho de casa. Com pena de a acordar, tiro-a com cuidado do carro, ponho-a no sofá e vou preparar o jantar dela e fazer o almoço do dia seguinte (tenho que levar a marmita, pois ainda são 15km até o trabalho). Entre os cozinhados a moça acorda, pede colo. Dou-lhe um pequeno miminho e coloco-a na cadeira da papa tentando distraí-la com algo pelo menos até que possa lhe dar atenção sem queimar a comida. Ok, já te posso dar o jantar, pois a essa hora ela já está esfomeada... para não me chatear nem me stressar deixo-a comer o segundo prato com as mãos enquanto vou lhe dando a sopa. Quando terminamos é hora da fruta e banho... nisto já são entre 20:00 e 20:30h... o banho é um momento especial, mas não dá para demorar muito porque além do frio, estou morta de cansada. É vestir e tentar que ela relaxe um bocado. Entre as 21:00 e as 21:30h ela finalmente adormece. Não sei se respiro de alívio porque posso enfim descansar ou se choro de tristeza porque em 24h de um dia, passei 9 horas no meu local de trabalho e nem 5 horas com a minha filha, sendo que destas 5 horas talvez uma a brincar e dedicar-me a dar-lhe miminhos... Sou uma mãe que tenta quando estou com ela, estar a 100%, Mas quando me apanho a fazer estas contas, reparo que nem esse tempo não é nem 50% do que eu realmente gostaria. 

Daí volto a pensar no meu trabalho... tantas horas dedicadas a uma empresa que nem palmadinhas nas costas me dá... esse tempo que poderia ser dedicado por inteiro a alguém que não me vai dar palmadinhas nas costas, mas vai me dar aquele sorriso que me faz a mulher mais feliz do mundo... o que estou eu a fazer??? Daí aparecem aqueles posts no facebook com textos e pequenas mensagens a perguntar se se eu morrer amanhã, valeu a pena? E eu começo a refletir e vejo que não. Então, se não vale a pena, é hora de mudar, antes que seja tarde, pois o tempo é uma coisa irrecuperável... 

Então divago... vou mudar, preciso mudar. Mudar... para onde, a fazer o que? O que é que me faz feliz que me poderia sustentar e me permitir ter tempo livre para a minha filha? O pior que nem eu sei! Tudo que eu penso que gosto e que talvez pudesse fazer não dá dinheiro... sou uma artista sem expressão! Outras coisas que penso fazer que poderiam me oferecer esse tempo e talvez alguma realização implicam investimento, investimento de um capital de que não disponho e de uma coragem de deixar tudo para arriscar que eu não tenho...

Daí mantenho-me refém do meu trabalho, escrava do medo e divagando do que seria a minha vida se eu tivesse mais imaginação, se fosse menos pé no chão... Eu quero, mas preciso de um empurrão, preciso de alguém que me estenda a mão e diga, vou contigo...

Não me vejo a fazer o mesmo quando chegar aos 40, mas vejo-me tão estagnada e o tempo a passar tão depressa que estou a morrer por dentro... Help please!! 

Amanhã o dia pode ser diferente, posso estar menos frustrada, mas aí se me coloco outra vez a pensar... penso o mesmo: preciso de uma mudança, preciso me aventurar! Quando serei capaz? Tem que ser hoje, amanhã será tarde demais... Sou uma artista sem expressão que tem a sua alma presa às circunstancias da vida e não sabe como se libertar!! Triste vida, triste sina... mas quem manda nesta budega afinal???? Não devia ser eu? 

Positiva que sempre fui, sempre dizendo que tudo vai melhorar se deixa ir abaixo assim? Ah! Pois é, ninguém é de ferro e um dia a gente desmorona... este é o meu dia... espero ver uma luz no fim deste túnel de frustração e que seja apenas uma crise passageira... quero de verdade ser corajosa o suficiente para criar meu próprio destino e me sustentar com algo que me realize... ou para que estou eu neste mundo???